:
PELO MUNDO Mali - uma viagem pelos tecidos |
Papéis de parede de Mali
Muito mais que moda passageira, os tecidos do Mali carregam uma
rica simbologia, capaz de decifrar a alma de povos ancestrais. Franjas que
chamam chuva, o traço que sinaliza um bom caminho, a flecha que alerta contra
pessoas desonestas... Nesse país, o novelo de significados é infinito, como
conta aqui a fotojornalista Marie Ange Bordas
- Que tal um lindo colar tuaregue legítimo? - E este belo cobertor de lã Peul! Venha cá, madame! O amplo sorriso dos vendedores me persegue em praticamente todos os lugares que percorro pelo Mali. Ensaio meu melhor olhar desinteressado, murmuro um non-merci ('não, obrigada') ou abro um sorriso rápido. Mas resistir à tentação dos onipresentes vendedores não é tarefa fácil. O Mali é conhecido por ter um dos mais ricos artesanatos da África, das jóias tuare-gues às esculturas dogon, passando por uma infinidade de tecidos -wax industrializados, sintéticos, tingidos à mão, artesanais de algodão ou de lã-, produzidos pelas diferentes etnias que povoam o país, como Bambara, Peul, Malinké, Tuaregue e Dogon.
Segundo maior produtor de algodão da África (atrás do Egito), o Mali tem uma tradição têxtil que remonta há mais de mil anos, quando quase todas as mulheres sabiam fiá-lo e a maioria dos agricultores tecia nas horas vagas. Tecer tem significados rituais e mitológicos. Para o povo dogon, a linguagem é indissociável do tecer. O termo sou, por exemplo, significa 'palavra', mas também a faixa de tecido que sai do tear. Para eles, 'estar nu é estar sem palavras'.
|
AINDA NESTA MATÉRIA
|
Nenhum comentário:
Postar um comentário