segunda-feira, 18 de abril de 2011

SAÚDE - HOMEM

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Homem


Limpeza correta do órgão sexual previne câncer e amputação

Juliana Crem

O assunto é pouco abordado e é um problema de saúde pública: todos os anos, cerca de mil homens têm seus pênis amputados por causa do câncer, segundo dados do Sistema Único de Saúde (SUS). "O câncer de pênis é muito frequente nos países subdesenvolvidos. Falta de higiene, fimose e associação com o vírus HPV aumentam o risco de desenvolver a doença", contou Gustavo Guimarães, oncologista e diretor do núcleo de urologia do Hospital A.C. Camargo, de São Paulo (SP).

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Ana Teresa Teles, psicóloga do Recife (PE), estudou casos de amputação peniana no Hospital de Câncer do Pernambuco e constatou que a doença não é muito abordada sequer na literatura. "Estava preparando um projeto e foi difícil encontrar fundamentação teórica para poder escrevê-lo", disse, "acho que a saúde masculina não é muito trabalhada. Não há tantas campanhas como para as mulheres. Isso mudou depois de 2009, quando a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) começou a divulgar sobre o câncer de próstata, por exemplo. Conheço homens que só souberam que estavam doentes porque foram o médico depois de a família ver a campanha e pressionar para procurarem um médico", contou.

Água e sabão
O pênis produz uma substância esbranquiçada e gordurosa, chamada esmegma, para limpar e lubrificar o órgão genital. Todavia, é preciso higienizar adequadamente o membro para remover o esmegma, evitando a proliferação de bactérias e infecções. Um dos fatores que mais atrapalha os homens na correta limpeza do pênis é a presença da fimose, quando o prepúcio não se descola totalmente da glande, prejudicando a higienização.

E essa higienização não requer grandes firulas. "Apenas água e sabão são suficientes", explicou Guimarães. Mas, muitos homens sequer sabem disso, pois como destacou a psicóloga, muitos pacientes, principalmente os que vivem no campo diziam "eu me lavo", mas não sabiam que é preciso remover o esmegma.

A média de idade dos homens que sofrem precisam amputar o membro por causa do câncer é entre 60 e 70 anos, sendo que a maioria vive no Norte e no Nordeste do Brasil e são de baixa renda. Todavia, os jovens não estão livres do mal: "temos pacientes de 30 a 40 anos aqui no hospital", disse Guimarães. "Encontrei pacientes que não eram tão velhos e também que viviam em áreas urbanas e bairros nobres", contou Ana Teresa.

O câncer de pênis
Considerada um mistério para a medicina, o câncer de pênis é bastante agressivo e não tem, necessariamente, uma ligação com DSTs, como o de colo de útero, causado pelo HPV. A amputação, parcial ou total, é um dos últimos recursos usados pelos médicos para salvar a vida do paciente. Dependendo do estágio da doença, até mesmo os membros inferiores acabam sendo amputados. Mas, Guimarães lembrou que o mal pode ser tratado sem a amputação quando descoberto no início. Para tanto, é necessário que o homem procure e converse com seu urologista, que é o profissional indicado para o diagnóstico, "toda vez que aparecer uma ferida, principalmente indolor, e se o homem tem fimose, então devem procurar o médico. Feridas e úlceras podem ser uma DST, mas quando não cicatrizam, podem ser câncer".

"Esta não é uma doença com mortalidade rápida. O homem sofre muito e demoram para procurar ajuda por vergonha de mostrar o pênis, medo do diagnóstico, medo da consequência, agravando ainda mais o problema", destacou o médico do Hospital A.C. Camargo, especializado no tratamento de câncer.

Ação e reação
"A reação dos homens quando sabem que precisarão amputar o pênis é terrível! Este diagnóstico acaba sendo mais forte para eles do que o do câncer ou da possibilidade de morrer. Eles encaram como a morte de sua sexualidade e de sua função como homem. Muitos escondem de toda a família, dividindo a amputação apenas com a esposa", lembrou Ana Teresa, destacando que não é possível colocar implantes, levando muitos pacientes a quadros ainda mais depressivos.

A psicóloga destacou que a notícia do câncer atinge não só o homem, como toda a sua família e muitas mulheres também se angustiam com o drama do marido que, muitas vezes, além da amputação do órgão sexual precisa passar por outras cirurgias. "Toda doença afeta o aspecto emocional, que pode acelerar consideravelmente a cura ou a piora. Por isso o papel do psicólogo é tão importante para que o paciente aceite a doença e saiba lidar com ela da melhor maneira possível. Toda moléstia requer tratamento e acompanhamento. Alguém com diabetes, por exemplo, vai precisar aceitar a doença para tratá-la e conviver com ela. O mesmo acontece com o homem que teve seu pênis amputado por causa de um câncer."

Solução do problema
A circuncisão para remoção do prepúcio é uma das formas de prevenir o câncer peniano e, consequentemente, a possível amputação. Apesar de a glande ficar exposta, a circuncisão acaba protegendo a saúde masculina: "há estudos que mostram que diminui o risco de contrair DSTs e até o HIV, mas, logicamente a proteção não é 100%. A camisinha ainda é mais eficaz", disse Guimarães.

Não há idade para a realização da cirurgia de fimose, portanto, mesmo homens adultos podem procurar o médico para a realização do procedimento."Não sei porque não é feita em todos os homens", desabafou Ana Teresa.

A limpeza correta durante o banho, após relações sexuais e a masturbação é essencial para prevenir este mal e manter a saúde sexual em ordem.

Outra forma de prevenir o câncer de pênis é por meio da conscientização não só dos homens, mas também das mulheres. "As mães, em especial, são o agente multiplicador. Elas que vão ensinar seus filhos a como higienizar corretamente as partes íntimas, prevenindo lesões que podem avançar para o câncer, além de ensinar a procurar o médico, sem pudores", sugeriu Ana Teresa.

Terra

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